O que uma indígena reconhecida pelo trabalho em prol da floresta, uma personalidade influente da cultura negra, o presidente de uma holding focada em favelas, a diretora de um projeto socioeducativo em um morro carioca e uma liderança do interior goiano têm em comum? Cada um deles contou experiências e apontou caminhos para que o Brasil seja conhecido internacionalmente pela sua pluralidade na hora de atrair turistas estrangeiros, durante o painel “O Futuro do turismo é inclusivo e empreendedor”, promovido pelo Sebrae e Embratur durante o Visit Brasil Summit, evento que ocorre no Rio de Janeiro até esta terça-feira (20).
Leia mais sobre o novo plano de marketing do turismo para atrair estrangeiros
Dona da Casa Lawana, a guia de turismo indígena Adriane Lawana destaca os avanços já conquistados desde que abriu a própria casa para mostrar a cultura e costumes do seu povo, as plantas medicinas e as biojoias na região de Novo Airão (AM), às margens do Rio Negro.
Não é o que a pessoa vai comprar, levar, mas sim o que vai sentir.
Adriane Lawana, dona da Casa Lawana e guia de turismo indígena
Marcus Vinicius Athayde, presidente global da CUFA e Favela Holding, que hoje está presente em mais de 60 países, afirma que a expansão de experiências turísticas em comunidades valoriza o que é próprio dos moradores, ao mesmo tempo em que traz vantagens coletivas. “Mostra que o turismo é para todos”, afirma Athayde, lembrando que a CUFA/Favela Holding organiza a ExpoFavela no Brasil inteiro, para promover os empreendedores das periferias. O Sebrae é parceiro do projeto.
Com a experiência de quem está à frente da Casa Amarela Providência, instituição que trabalha com crianças e mulheres no Morro da Providência, no Rio, Tiphanie Constantin aposta nas atividades que enaltecem as comunidades, mas destaca desafios. “Há listas de espera na Casa Amarela e às vezes alguns projetos precisam ser encerrados por falta de recursos, mas temos muito o que mostrar”, ressaltou.
Don Filó, co-fundador do Acervo Cultne e CEO da Cultne TV, importante representante do movimento negro e da cena cultural no Brasil, apontou caminhos já desbravados por meio da cultura e da música na formação da identidade do país. Ele destacou avanços no mercado da música brasileira que é um atrativo cultural importante dentro do turismo.
Teia Avelino, proprietária da Pousada Luz do Sol na Chapada dos Veadeiros e vereadora de Alto Paraíso (GO), aponta os reflexos do empreendedorismo na região, que virou pólo turístico, nas últimas décadas. “Se não é o Sebrae, desde 1990 na região, talvez nós nem existíssemos mais. Naquela época, todos queriam sair dali, pois era tudo muito difícil. Aos poucos, fomos avançando”, conta Teia, propulsora do turismo de base comunitária na região.
Ana Clévia Guerreiro, coordenadora do Núcleo de Comércio, Serviços e Economias de Futuro no Sebrae Nacional que mediou o painel, enfatizou a valorização de identidades, culturas e saberes de um povo tão plural como pilar estratégico na promoção do Brasil como destino turístico. O plano de marketing turístico lançado na Visit Brasil Summit está alinhado com essa concepção, ao valorizar o Brasil pelas experiências genuínas que pode proporcionar, projetando o segmento como um propulsor de desenvolvimento interno, geração de renda e equalização de desigualdades.
A programação do Visit Brasil Summit tem, ainda, palestras e paineis sobre uso de dados no mercado do turismo, inovação, criatividade, sustentabilidade, diversidade, entre outros temas. Nomes de peso estão participando do evento, como a vice-presidente executiva do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), Virginia Messina, e a representante do Turismo no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, Jeanine Pires.
A escritora Conceição Evaristo fez uma palestra magna nesta segunda (19) intitulada “O Futuro do Turismo é Ancestral”. Ela, que cunhou o termo “escrevivências”, destacou as vivências do povo brasileiro em sua diversidade como um ativo do país. Apresentações de músicos antecederam palestras e paineis durante o evento.
