A secretaria de política econômica (SPE) do Ministério da Fazenda projeta um crescimento em 2025 de 2,4%, uma variação positiva de 0,1 ponto porcentual em relação à projeção feita em março. O aumento se deve, principalmente, ao crescimento da projeção do PIB do primeiro trimestre, nas contas da equipe da Fazenda, de 1,6% ante 1,5% nesta edição, além do aumento na produção de safra entre fevereiro e abril. Os dados são do Boletim MacroFiscal, publicado bimestralmente e divulgado nesta segunda-feira (19/5) pelo secretário da pasta, Guilherme Mello.
O documento também revisou sua perspectiva para inflação deste ano, de 4,9% para 5,0%. Hoje a inflação acumulada nos últimos 12 meses encontra-se em 5,5% e a secretaria considera que o início de uma redução deve ocorrer em setembro. A equipe econômica vê o IPCA convergindo para o centro da meta de inflação, de 3,0%, somente em 2027.
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“Não acho que o Brasil é um país que depende de Selic alta do ponto de vista estrutural. Acho que o Brasil é um país que ainda apresenta uma volatilidade grande em alguns preços macro, nomeadamente a taxa de câmbio e, como resposta a isso, a taxa de juros desde o regime de metas de inflação […] O Brasil é sempre o campeão mundial ou vice campeão mundial de volatilidade da taxa de câmbio. É uma característica e já falei sobre isso outras vezes. Claro que pode ter alguma relação com política econômica momentânea, mas obviamente tem a ver com a própria estrutura do mercado cambial brasileiro”, disse o secretário ao ser questionado pelo JOTA.
Cenário externo
Sobre o cenário externo, um dos principais pontos de atenção do Boletim desde a última edição, Mello disse que a mudança de postura do governo dos Estados Unidos reduz o risco de escalada na guerra comercial, mas não retira o cenário de incerteza que se instalou a partir da estratégia de taxação unilateral de Donald Trump dos seus principais parceiros comerciais. As incertezas não se referem apenas ao cenário comercial, mas refletem também nas variáveis financeiras, levando ao enfraquecimento do dólar e à alta nos rendimentos de títulos americanos.
Impactos no Brasil
No curto prazo, a SPE considera uma pressão baixista para a inflação a partir da apreciação do real e queda nos preços das commodities. Já os efeitos para a atividade econômica são mistos pois uma maior incerteza impacta decisões de consumo e investimentos. Mas, por outro lado, as exportações brasileiras se tornam mais competitivas com menores tarifas nos produtos. Há, ainda, uma expectativa de uma maior demanda por produtos agropecuários em países que retaliem as tarifas americanas.
Prisma Fiscal
A projeção para o resultado primário reduziu a projeção de déficit para R$ 72 bilhões ante R$ 80 bilhões em março. Esse valor, porém, não considera o montante de precatórios de R$ 44 bilhões que devem ser pagos este ano e não são contabilizados para a meta fiscal. O valor, porém, impacta no crescimento da dívida pública.