Mobilização garante avanços no protocolo de esclerose múltipla

A espera acabou. Pacientes com a forma remitente-recorrente da esclerose múltipla (EMRR) altamente ativa já começaram a receber, pelo SUS, o primeiro medicamento oral e de curta duração. Essa conquista representa um passo fundamental para ampliar o acesso a tratamentos modernos, oferecendo tratamento personalizado e a possibilidade de mais autonomia e qualidade de vida para quem convive com a doença.

Os primeiros tratamentos foram iniciados no Centro de Referência em Esclerose Múltipla do Estado da Paraíba (CREMPB), em João Pessoa, e em Brasília, marcando um novo momento no cuidado com a esclerose múltipla nesses estados e, esperamos que muito em breve, em todo o Brasil. 

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Até então, as opções para os casos de alta atividade disponíveis no SUS eram exclusivamente injetáveis ou infusionais, o que, para muitos pacientes, representava desafios na adesão ao tratamento. Assim, a chegada de uma opção oral amplia as possibilidades de tratamento e de adesão, proporcionando mais autonomia aos pacientes, em especial os adultos que estudam, trabalham e têm papel ativo nos cuidados com a família e na sociedade.

Essa vitória é fruto de anos de mobilização da sociedade civil, médicos e associações. No final de 2024, o Ministério da Saúde publicou uma atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esclerose Múltipla, incluindo novas opções terapêuticas. Agora, seguimos acompanhando para garantir que todos os estados possam acessá-lo o quanto antes.

Viver com esclerose múltipla, por si só, já significa lidar com a incerteza de quando virá o próximo surto, de quando o cérebro começará novamente a enviar sinais confuso[1] para o restante do corpo. Entre os sintomas estão desde alterações na visão e sensibilidade até dificuldades de equilíbrio[1] e perda de força muscular[1], comprometendo diretamente sua mobilidade[1]

A esclerose múltipla geralmente atinge justamente indivíduos jovens, entre 20 e 40 anos[1][2] — justamente quando estamos na fase mais produtiva da vida, ameaçando a independência do indivíduo e impondo limitações físicas e emocionais em um momento em que a pessoa mais precisa de autonomia. Essa é a realidade de cerca de 40 mil brasileiros[3]

Apesar dos desafios diários, celebro essa conquista, pois, no contexto da esclerose múltipla, a promoção de políticas na saúde exerce um papel fundamental. Essa atuação impacta diretamente as políticas públicas, assegurando avanços no acesso ao diagnóstico precoce, à reabilitação e, sobretudo, a tratamentos modernos e personalizados, adaptados às necessidades únicas de cada um. 

Esse é somente o início de uma jornada que precisa ser continuamente acompanhada para garantir que as inovações não se percam nos entraves burocráticos. O nosso papel, como sociedade, é assegurar que essas conquistas se transformem em melhorias concretas na vida dos enfermos, garantindo acesso rápido e justo ao que há de melhor na medicina. 


[1] Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM). O que é Esclerose Múltipla (EM). Disponível em: https://www.abem.org.br/esclerose-multipla/o-que-e-esclerose-multipla/#:~:text=A%20Esclerose%20M%C3%BAltipla%20(EM)%20%C3%A9,provocando%20les%C3%B5es%20cerebrais%20e%20medulares. Acesso em outubro de 2024.

[2] CRA analysis of data from GBD 2016 Multiple Sclerosis Collaborators (2019). Global, regional, and national burden of multiple sclerosis 1990–2016: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. The Lancet. 18: 269-85.

[3] Biblioteca Virtual em Saúde. Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/30-8-dia-nacional-de-conscientizacao-sobre-a-esclerose-multipla-4/. Acesso em outubro de 2024.

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