O Palácio do Planalto tenta botar panos quentes na relação com o PDT, depois que a bancada do partido na Câmara anunciou a saída da base de apoio ao governo Lula. O clima começou a azedar após a demissão do ministro da Previdência, Carlos Lupi, por conta do escândalo das fraudes do INSS. A estratégia de Lula e seu entorno, no momento, é agir no sentido de não alimentar mais divergências.
Assim, o ministro Wolney Queiroz, nomeado por Lula para substituir Lupi, deve manter-se no cargo. Queiroz era secretário-executivo da pasta e foi deputado federal pelo PDT por seis mandatos. Portanto, a bancada do PDT na Câmara continua a comandar o ministério, apesar de ter anunciado sua saída da base.
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Responsável pela articulação política, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) deu, na terça-feira (6/5), uma declaração diplomática, sinalizando que o governo não pretende colocar mais lenha na fogueira.
“Respeitamos o posicionamento da bancada [do PDT na Câmara] e seguimos dialogando com o PDT, contando com o apoio do partido nas matérias de interesse do país”, afirmou.
Lupi comanda o PDT com poderes quase imperiais e, no governo, não restam dúvidas de que ele está por trás do gesto dos 17 deputados do partido. Lupi acreditava que poderia ter permanecido no posto, apesar do escândalo das fraudes. Em vez disso, se viu desmoralizado pelo presidente, que o alijou completamente da escolha do novo presidente do INSS, Gilberto Waller, após a demissão de Alessandro Stefanutto. Depois, com a escalada do noticiário, o próprio Lupi acabou exonerado “a pedido”.
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O Planalto, no entanto, não acredita em um desembarque efetivo do PDT. A aposta do governo é que o partido de Lupi tem interesse em manter não apenas Wolney Queiroz na Previdência, mas todos os cargos de menor escalão em diversos ministérios e órgãos públicos em Brasília e nos Estados. Além disso, PT e PDT têm “interesses eleitorais convergentes” em várias localidades e regiões, apontam fontes.
Já no fim da tarde, a bancada pedetista no Senado emitiu nota dizendo que permaneceria na base, contrariando a posição dos deputados. Isso alimentou a percepção no Planalto de que a força gravitacional está a favor do governo, nesse caso. Além disso, reforçou a tendência de que o Planalto tentará lidar com o tema com delicadeza, sem fazer movimentos que possam desagradar ainda mais os aliados históricos pedetistas.