Carlos Lupi deixa Ministério da Previdência após caso de fraude no INSS

Carlos Lupi deixou o Ministério da Previdência Social nesta sexta-feira (2 /5). Ele entregou o cargo depois de reunião, nesta tarde, com o presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto. A queda do ministro ocorre pouco mais de uma semana depois da deflagração de esquema bilionário de fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O secretário-executivo da Previdência, Wolney Queiroz assume o ministério no lugar de Lupi. Wolney foi líder da oposição na Câmara durante o governo de Jair Bolsonaro. O seu nome foi uma indicação do PDT.

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Lupi comunicou a decisão no seu perfil no X: “Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade. Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS”
“Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula. Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para prejudicar o povo trabalhador”, continuou.

O agora ex-ministro vinha sendo pressionado a deixar a pasta ao longo dos últimos dias em meio ao desgaste do governo em razão do caso. Segundo investigação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), entre 2019 e 2024, entidades cobraram de aposentados e pensionistas valor estimado de R$ 6,3 bilhões sem autorização.

Lupi é o segundo ministro de Lula a cair neste ano. Em abril, Juscelino Filho (Comunicações) entregou o cargo após ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em investigação sobre desvio de emendas. Desde o início do governo, foram dez trocas ministeriais.

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A investigação, até o momento, não aponta qualquer associação do até então ministro com o esquema, mas ele teve uma atuação considerada omissa por colegas de governo. Lupi teria sido informado sobre o aumento de denúncias de descontos sem autorização ainda em junho de 2023.

Na quarta-feira (30/4), Lula definiu o nome do novo presidente do INSS, em decisão que não passou por Lupi. Para substituir Alessandro Stefanutto, nomeado pelo agora ex-ministro, Lula escolheu o procurador federal Gilberto Waller Júnior.

O esquema de fraudes no INSS veio à tona na Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril. Na data, Stefanutto e outros cinco servidores foram afastados. A PF cumpriu 211 mandados judiciais de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e ordens de sequestro de bens que somam mais de R$ 1 bilhão. Ainda segundo relatório da PF, o INSS ignorou uma série de alertas da CGU sobre os descontos de beneficiários em 2024.

Na última terça-feira (29/4), durante participação em audiência na Comissão da Previdência, na Câmara de Deputados, Lupi disse que a operação da PF teria sido iniciada por auditoria feita pelo próprio INSS no início do governo Lula. O ex-ministro também declarou ter “agido a tempo” quando demitiu o diretor André Fidelis, que atuava no Departamento de Benefícios e Relacionamento do INSS, pela “letargia” para instalar apuração requisitada por ele.

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A saída de Lupi do governo é considerada um ponto sensível para o Planalto, já que o ex-ministro é o principal nome do PDT – partido da base governista. O controle de Lupi sobre a legenda dificultou a articulação para negociar um substituto. O PDT tem somente 18 dos 513 deputados, mas são votos necessários a Lula em um Congresso majoritariamente conservador e desfavorável ao presidente.

Enquanto uma decisão ainda não era tomada, a oposição se movimentou para ampliar a pressão. Deputados protocolaram o requerimento de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a fraude no INSS. O pedido foi protocolado com 185 assinaturas. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) apresentou à Procuradoria-Geral da República um pedido de impeachment de Lupi por investigações no caso. O ex-ministro também foi alvo de denúncia no Ministério Público por conivência.

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