Emprego formal deixa de ser sonho para maioria da Grande SP, diz pesquisa Brada

A pesquisa Tô no Trampo, realizada pelo Instituto Badra, revela que o trabalho assalariado deixou de ser o principal objetivo para grande parte dos trabalhadores da Região Metropolitana de São Paulo. Apenas 45% dizem desejar seguir nesse modelo. Outros 42% preferem empreender ou atuar de forma autônoma.

O levantamento, que ouviu 1.503 trabalhadores em mais de 100 pontos de fluxo entre os dias 24 e 28 de abril, aponta uma tendência clara: cresce o desejo por mais autonomia profissional, mesmo entre quem já tem carteira assinada.

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A pesquisa também aponta desigualdades salariais. Quase 70% dos entrevistados ganham entre R$ 1.500 e R$ 3.000 por mês. Entre os que recebem até um salário mínimo, 62% são mulheres — sinal da desigualdade de gênero concentrada na base da pirâmide salarial.

O estudo também é assinado pela pesquisadora Liliana Sousa e Silva, doutora e coordenadora executiva da Cátedra Olavo Setubal, do Instituto de Estudos Avançados da USP, em parceria com a Fundação Itaú.

Empreender segue sendo sonho comum

Os números apontam que mesmo entre os trabalhadores com carteira assinada, 30% sonham em abrir o próprio negócio — o mesmo índice observado no conjunto da amostra. Esse dado reforça a busca por maior autonomia e insatisfação com o modelo tradicional de emprego, centrado na CLT, ainda que 74% dos entrevistados se declararam satisfeitos ou muito satisfeitos com o trabalho que têm hoje.

Entre os trabalhadores que desejam abrir o próprio negócio, a principal motivação é o desejo de obter uma renda mais alta (29,8%). A flexibilidade de horário aparece em segundo lugar (17%), seguida pelo anseio de poder “fazer as coisas do próprio jeito” (13,2%) e de trabalhar com algo de que realmente gostam (13%). Outros fatores mencionados incluem a escassez de empregos (9,2%), o desejo de não ter patrão (8,1%) e a vontade de “fazer a diferença no mundo” (4,5%).

Segundo a pesquisadora Liliana Sousa e Silva, que assina a análise da pesquisa, os dados indicam que a escolha pelo empreendedorismo está fortemente ligada à busca por melhores condições financeiras, autonomia e autorrealização, em contraste com a rigidez do trabalho formal tradicional​, centrado no modelo CLT.

Semana de 4 dias

A redução da jornada de trabalho de 5 para 4 dias, sem corte de salários, é apoiada por 69% dos entrevistados. Apesar do apoio, 57% temem prejuízos às empresas e 41% enxergam impactos negativos para o país.

A pesquisa também revela um clima de insegurança: um em cada três trabalhadores teme perder sua principal fonte de renda nos próximos 12 meses.

Quando o tema é qualidade de vida, 49% avaliam negativamente a condição dos trabalhadores brasileiros. Apenas 16% consideram a situação boa ou muito boa.

Baixa remuneração é o principal problema
A maior queixa entre os trabalhadores é a baixa remuneração (29%), seguida da carga horária elevada (14%) e da distância entre casa e trabalho (11%). A falta de reconhecimento e os poucos benefícios também aparecem entre os principais entraves.

Predomínio do trabalho presencial
O modelo de trabalho presencial ainda predomina na Grande São Paulo: 78% atuam dessa forma. Apenas 24% afirmam que sua atividade exige algum tipo de formação específica, o que reforça o perfil de ocupações de baixa qualificação.

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