A jornada do aprendizado contínuo no mundo jurídico

Você já parou para pensar que a capacidade de se comunicar efetivamente e navegar por diferentes paisagens culturais tem sido mais do que nunca crucial? Como alguém que está em contínuo aprendizado, posso atestar o poder transformador do do desenvolvimento – e falo aqui sob a ótica profissional e pessoal.

Tomemos como exemplo o meu caso. Iniciei os estudos de uma segunda língua há cerca de quatro anos, quando já tinha passado dos 37 anos de idade. Ou seja, ao contrário de muitos que já iniciam a vida profissional com o domínio do outro idioma, adquiri essa habilidade ao longo da minha carreira.

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A aquisição de uma nova língua e suas implicações – as mais amplas – foi tanto desafiadora quanto gratificante. Isso exigiu um investimento significativo de tempo, esforço e uma disposição ímpar para sair da zona de conforto. Nenhuma língua, além da Língua Portuguesa, idioma oficial do Brasil, era um requisito adicional para atuar na minha área de estudo. No entanto, a realidade que se impôs foi outra. E a partir dessa constatação, precisei direcionar meus esforços e aprumar os ponteiros para onde a minha carreira estava apontando.

Lembro-me vividamente do dia em que recebi a tão aguardada ligação da líder regional. Ela começou parabenizando-me pela conquista da vaga, que exigia o domínio de um segundo idioma. Em seguida, como a grande inspiradora que é, enfatizou que, embora falar outra língua fosse importante, o essencial (note a diferença entre importante e essencial) era saber se comunicar de forma eficaz.

Aprender outra língua não foi um fim em si mesmo, mas um meio de crescimento, especialmente para alguém que trabalha para corporações multinacionais. Isso, não só melhorou minha capacidade de me comunicar com uma audiência corporativa global, mas também ampliou minha perspectiva de carreira e melhorou minhas habilidades de resolução de problemas. E tudo isso virou verdade quando decidi dar o próximo passo, mesmo consciente das imperfeições, mesmo com a falta de tempo e totalmente a par do quanto isso iria me cansar. Nunca demais lembrar que os sacrifícios envolveram  transformar as horas de lazer em família em momentos de estudo.

No ambiente de trabalho moderno, a capacidade de se comunicar efetivamente entre diferentes culturas e idiomas não é apenas uma conquista pessoal; é um ativo estratégico. A comunicação clara e eficaz vai além da mera proficiência em um idioma. As mensagens não podem apenas serem transmitidas, mas sim recebidas e assimiladas com precisão.

Combinar proficiência em múltiplos idiomas e habilidades de comunicação preenche lacunas de entendimento com correta e clara interpretação. Importante considerar, ainda, que o respeito às diferenças culturais algo é igualmente essencial em um ambiente de negócios globalizado. Funcionários com forte competência cultural podem navegar nos mercados internacionais de forma mais corajosa, construindo relacionamentos mais fortes com clientes e parceiros, além de alavancar a produtividade.

Aprender um novo idioma, especialmente mais tarde na vida, exige adaptabilidade e resiliência. Essas qualidades são inestimáveis em um cenário de negócios em constante mudança, onde a capacidade de se adaptar e enfrentar novos desafios é determinante. Perspectivas e experiências diversificadas fomentam a inovação. Funcionários que trazem uma visão fresca e uma disposição para aprender podem contribuir com soluções mais criativas, isso sem dúvidas.

Historicamente, percebo que as empresas têm valorizado as habilidades técnicas –conhecimento especializado e competências mensuráveis. Embora essas habilidades continuem sendo importantes, o ambiente de negócios moderno exige uma abordagem mais holística para o desenvolvimento de talentos. As empresas estão cada vez mais reconhecendo o valor das habilidades socioemocionais, como comunicação, adaptabilidade e sensibilidade cultural. Quando somadas às competências técnicas, o profissional se revela uma pessoa fundamental, alguém de alta performance que certamente faz a diferença no quadro de colaboradores.

Para aproveitar o potencial total de talentos com fortes habilidades socioemocionais, as empresas podem adotar várias estratégias. Oferecer cursos de idiomas e programas de treinamento cultural aos funcionários não só aprimora suas habilidades, mas também demonstra o compromisso da empresa com o desenvolvimento pessoal e profissional. Fornecer mentorias e suporte para funcionários que estão aprendendo novos idiomas ou se adaptando a novos ambientes culturais pode ser extremamente benéfico. Isso pode incluir parceiros de idiomas, programas de imersão cultural e sessões de feedback regulares.

Enfatizar a importância das habilidades socioemocionais no processo de contratação também é importante. As empresas devem procurar candidatos que demonstrem forte comunicação, adaptabilidade e sensibilidade cultural, além de suas habilidades técnicas. Incentivar a colaboração transversal e intercultural dentro da organização pode ajudar a quebrar silos e fomentar um ambiente de trabalho mais inclusivo e inovador.

Agora, sim, cabe a cada um fazer por si o que somente você pode fazer por si. É doloroso, desconfortável, desafiador, pode muitas vezes parecer constrangedor falar errado, mas tudo isso é parte do processo. Apenas não tenha medo de fazer de você alguém melhor. Já refletiu se você atingiu a sua melhor versão? Já percebeu que se você não for alguém com coragem, nada muda?

Com base nisso, gostaria de compartilhar ainda algumas dicas simples para quem vivencia essa situação e tem vontade de virar a página. São nos pequenos detalhes que aos poucos você vai avançando.

  • Escreva: se você precisar escrever. Suponhamos que seja a língua inglesa; caso precise se comunicar com alguém por e-mails em inglês, treine escrevendo-os em inglês e depois coloque no corretor para correção. Vai ser mais produtivo – e garantir um aperfeiçoamento adicional – fazer assim do que escrever em português e pedir que o tradutor online faça o trabalho.
  • Use aplicativos gratuitos: há diversos. Como exemplo ilustrativo, o Duolingo é o mais famoso. Investir 15 minutos por dia não vai prejudicar a sua agenda e certamente ajudará no processo de aprendizado.
  • Newsletter: há diversas newsletters em inglês. Tente se desafiar na leitura de ao menos uma. Se puder, busque uma newsletter jurídica para ir se familiarizando com os termos.
  • Entretenimento: filmes, séries e música ajudam bastante. Se puder, assista um filme por semana no idioma em que estuda. Ouvir a pronúncia e depois repetir é fundamental para o desenvolvimento da oratória.

O valor das habilidades socioemocionais e da aprendizagem contínua não pode ser subestimado. Minha experiência pessoal de aprender inglês beirando os 40 anos me ensinou que nunca é tarde demais para adquirir novas habilidades e fazer um impacto significativo na sua vida. Encorajo as empresas a abraçarem essa mentalidade e reconhecer o potencial de seus funcionários para contribuir de maneiras novas e totalmente valiosas. Investir em talentos que trazem um conjunto diversificado de habilidades e perspectivas, coloca as empresas em posição de sucesso em um mercado global e transforma vidas!

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