
De acordo com o Naturatins, objetivo do estudo é mapear os locais de por onde a espécie costuma percorrer para propor medidas de preservação. Arraia-maçã, espécie ameaça de extinção é monitorada
James Blanco Nunes/Domingos Garrone Neto/Arquivo Pessoal
Transmissores via rádio e até um helicóptero estão sendo usados no monitoramento da arraia-maçã (Paratrygon aiereba), espécie presente nos rios tocantinenses, mas que está ameaçada de extinção. O uso dos equipamentos foi incluído no projeto ‘Pró-Espécies: Todos contra a extinção’, promovido pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) com o apoio de outros órgãos.
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O projeto faz parte do Plano de Ação Territorial (PAT) Cerrado Tocantins. De acordo com o Naturatins, o reforço do monitoramento da arraia-maça é feito com o uso de de transmissores colocados em indivíduos da espécie, que são rastreados para que os resultados sirvam para mapear os locais de por onde a espécie costuma percorrer.
A ideia é que os pesquisadores, por meio das informações coletadas no monitoramento, possam compreender os padrões de deslocamento e a interação com o habitat natural para propor estratégias eficazes de preservação da arraia-maçã.
Possíveis causas da redução na espécie
Conforme o Naturatins, a arraia-maçã era encontrada em com mais frequência na bacia dos rios Araguaia-Tocantins e seus afluentes. Ela costuma viver em áreas de corredeiras com fundo arenoso, pois sua coloração facilita que possa se camuflar no ambiente.
Entretanto, impactos ambientais como a construção de hidrelétricas, fragmentação do habitat e a pesca acidental causaram a redução nos números de indivíduos da espécie. Por ter um crescimento lento e baixa taxa de reprodução, os pesquisadores do Naturatins apontam que a espécie enfrenta dificuldades em recuperar a população que antes habitava nos rios do estado.
Projeto começou em 2024 e teve duas etapas, segundo o Naturatins
Lidiane Moreira/Governo do Tocantins
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Etapas do projeto
Com a previsão de duas etapas, a ação começou em setembro de 2024, quando 16 arraias-maçã receberam os transmissores por meio de cirurgia. Nessa etapa, segundo o Naturatins, o acompanhamento era feito em barcos, que acompanhavam os animais nos rios.
A tecnologia usada no estudo com as arraias-maçã é a radiotelemetria, que permite que os equipamentos emitam sinais detectáveis tanto na água quanto no ar.
A segunda fase do projeto foi concluída em março e o monitoramento passou a ser aéreo, com ajuda do helicóptero do Grupamento Aéreo (Graer) da Polícia Militar do Tocantins (PMTO).
Antenas na aeronave ampliam a captação dos sinais dos transmissores para a localização dos animais, o que facilitou aos pesquisadores realizar o levantamento das áreas utilizadas pela espécie.
“Até então, os rastreamentos dessas arraias eram feitos apenas por barco, o que cobre uma área limitada. Com a aeronave, conseguimos monitorar grandes extensões dos rios em um único dia, aumentando a nossa capacidade operacional”, disse o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Domingos Garrone Neto.
Com os primeiros resultados os pesquisadores descobriram que 14 arraias-maça continuam transmitindo sinais. Com relação às duas que não foram localizadas, o Naturatins explicou que os transmissores podem ter ficado sem bateria.
“Esse estudo nos fornece informações fundamentais para o desenvolvimento de estratégias de conservação e planejamento espacial da espécie”, explicou o biólogo do Naturatins, Oscar Vitorino.
A partir das informações, os pesquisadores esperam entender melhor a relação da espécie com seu habitat para poder definir estratégias de preservação.
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