Sem água e ajudou a vestir toga do advogado: como foi Bolsonaro no STF

Minutos antes do julgamento sobre a denúncia da trama golpista, já na entrada do prédio, servidores do Supremo Tribunal Federal (STF) foram questionados por advogados sobre o procedimento para a entrada das partes no tribunal. O pessoal da portaria perguntou quem era a parte e então souberam que o ex-presidente estava presente. Correram para executar um dos cenários que já tinha sido desenhado pela segurança: como seria se Jair Bolsonaro fosse ao STF sem avisar. O ex-presidente então foi direcionado para a garagem no subsolo do prédio.

Bolsonaro quis ir ao tribunal pessoalmente. Não foi uma recomendação da defesa, segundo disse o próprio advogado dele, Celso Vilardi. Não é comum que indiciados compareçam aos julgamentos, mas a presença do ex-presidente o colocou no centro do debate e de frente com o ministro Alexandre de Moraes, seu inimigo na narrativa bolsonarista. A presença alimentou a ideia de embate e colocou o tribunal novamente como oposição. Nas redes, Bolsonaro fez críticas ao julgamento.

Assine gratuitamente a newsletter Últimas Notícias do JOTA e receba as principais notícias jurídicas e políticas do dia no seu email

Às 9h30, no horário marcado para o julgamento, Bolsonaro chegou com o seu advogado. Os dois sentaram na primeira fila do auditório da 1ª Turma de modo que pudessem ver e ser vistos pelos cinco ministros. No terno, Bolsonaro tinha uma condecoração do Exército.

Aos poucos, parlamentares aliados mais próximos de Bolsonaro como Mário Frias, Zucco, Maurício do Vôlei, Jorge Seif, Zé Trovão, Paulo Bilynskyj, dentre outros, foram chegando para demonstrar apoio ao ex-presidente. Houve princípio de confusão entre os políticos e a segurança do STF porque alguns chegaram atrasados e não puderam entrar em um primeiro momento. Depois, o presidente da 1ª Turma, Cristiano Zanin, permitiu a entrada.

A presença dos aliados deixou o ex-presidente mais confortável durante a manhã. Ele esteve presente na sessão tanto de manhã quanto à tarde e confirmou a presença na sessão desta quarta-feira (26/3) quando deve ser transformado em réu.

No período em que esteve no auditório, Bolsonaro ficou sentado, chegou a ajudar o seu advogado a vestir a toga para a sustentação e recusou a água oferecida pelo tribunal. Assistiu atentamente às sustentações orais.

Em conversa com aliados em uma churrascaria no período do almoço, ele elogiou a atuação dos advogados. Segundo esses aliados, entre uma “picanha e outra”, elogiou a sustentação de seu advogado, a de Demóstenes Torres, responsável pela defesa do almirante Almir Garnier Santos, e a de José Luis Mendes de Oliveira Lima, advogado do general Braga Netto. Na avaliação do ex-presidente, os defensores mostraram de forma clara as arbitrariedades do processo conduzido por Moraes.

No período da tarde, durante a votação das preliminares, Bolsonaro se mostrou mais incomodado. Ficou mais tempo no celular, tirou e colocou os óculos várias vezes e apoiou as mãos no rosto e pescoço demonstrando inquietude. Cochichou vez ou outra com Vilardi, principalmente quando Moraes falava. O ex-presidente também não riu em momentos em que os ministros faziam algumas piadas para descontrair o ambiente, como quando o ministro Flávio Dino brincou que era recém-formado em 2007.

A presença de Bolsonaro o colocou em cena no embate direto com o STF, gerou repercussão na imprensa e foi vista como um ato de coragem entre aliados e simpatizantes. Assim, a presença de Bolsonaro demonstra que não vai sair fácil da cena política e deseja ser um personagem protagonista nas eleições de 2026.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.