Governo age contra a população na greve dos peritos médicos

A greve nacional dos peritos médicos federais, deflagrada em agosto de 2024, já dura mais de um semestre, um período de mobilização que se arrasta sem respostas significativas do governo federal. A paralisação é parcial para que a população não fosse seriamente prejudicada. Teve origem exclusiva na quebra de acordo firmado com a União em 2022, e desde então a categoria tem buscado uma mesa de negociação, sem sucesso.

Ao longo desse período, os peritos já fizeram dezenas de solicitações para o início de conversas com o governo, todas ignoradas. Segundo representantes da categoria, o Executivo tem se mostrado completamente omisso e intransigente diante das demandas dos servidores. O impacto da greve já é visível, com centenas de milhares de atendimentos periciais comprometidos em todo o país.

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No entanto, a situação se agravou desde janeiro, quando o governo adotou uma postura ainda mais rígida, passando a cancelar todos os atendimentos destinados à população realizadas pelos profissionais que iam à agência de maneira parcial atender a população. Com a proibição total das atividades, o governo cria um ambiente para descontar o salário integral dos servidores, para forçar o fim do movimento.

Esse episódio marca a primeira vez na história do funcionalismo público brasileiro em que o governo adota uma postura de lockout, uma forma de “greve do patrão”, para retaliar os trabalhadores. Desde que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva começou a adotar essa medida, a paralisação tem causado uma grave repercussão: cerca de 15 mil atendimentos periciais são cancelados por dia.

Entre de agosto de 2024 e janeiro de 2025, a média de cancelamentos diários girava em torno de 3.000 a 4.000 perícias. No entanto, com a intensificação das medidas a partir de 27 de janeiro, o número de cancelamentos disparou, chegando à marca de 700 mil atendimentos cancelados desde o início da paralisação gerando enormes dificuldades para a população, que segue sem acesso às perícias médicas essenciais para o acesso aos benefícios do INSS.

A estratégia do governo também é vista como uma forma de economizar recursos ao impedir a concessão de benefícios como o auxílio-doença e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que dependem da realização das perícias. A medida é considerada pelos representantes dos peritos como uma “pedalada”, já que resulta em uma economia indesejada às custas do sofrimento da população mais vulnerável.

O governo, que se posiciona como defensor da democracia e afirma ter origem sindical, se contradiz ao quebrar acordos trabalhistas e violar um dos direitos fundamentais dos trabalhadores: o direito à greve. A crise envolvendo os peritos médicos federais levanta questionamentos sobre a postura do governo e seus compromissos com os direitos dos servidores públicos e da população brasileira.

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