Pequenas editoras se reinventam para sobreviver

A população brasileira tem comprado livros com uma frequência cada vez menor. Além da concorrência com outras formas de entretenimento, o hábito da leitura vem perdendo espaço na sociedade. Segundo a edição 2024 da Pesquisa Retratos da Leitura, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no país desde 2020.

Cerca de 53% das pessoas não leram nem parte de um livro – impresso ou digital – de qualquer gênero (incluindo didáticos, bíblia e religiosos) nos três meses anteriores à pesquisa. De acordo com a analista de projetos de Economia Criativa do Sebrae/RJ, Nathalia Azevedo, este ano as mudanças precisam aparecer.

O ano de 2025 será crucial para o mercado editorial, que enfrentará a necessidade urgente de buscar soluções após anos de crise. O faturamento das editoras apresentou uma queda real de 43%, desde 2006.

Nathalia Azevedo, analista de projetos de Economia Criativa do Sebrae/RJ.

Um projeto pioneiro do Sebrae/RJ, Mercado Editorial e Literatura Criativa, busca oferecer uma solução para pequenas editoras do estado, com foco em impulsionar o acesso ao mercado e o aumento de faturamento. Desde 2023, mais de 150 pequenas editoras fluminenses foram apoiadas pela iniciativa.

Maria Ines Machado acredita na força das publicações de nicho. Foto: Arquivo pessoal.

Página por página

A co-fundadora da Perguntar Editora, Maria Ines Machado, foi uma das participantes do projeto. O foco da editora é a publicação de livros infantis e juvenis, com o objetivo de entreter, divertir e estimular os leitores a refletirem sobre questões sociais e individuais. Apesar dos números do mercado, Maria Ines acredita em novas oportunidades.

“Hoje se fala muito em bibliodiversidade; diferentes projetos editoriais são buscados. Pode ser feita a opção por publicações nichadas – o que é perfil de muitas pequenas editoras. É estabelecer identidade editorial, achar o seu lugar de expressão, o seu público, as formas de atingir o leitor pautado”, afirma.

Para ela, o apoio do Sebrae foi fundamental para a atualização de conhecimentos sobre o mercado editorial. A entidade também ofereceu a estrutura em eventos relevantes no estado, como a Primavera do Livro e a Feira Literária de Parati.

Conhecer e dialogar com outros pequenos editores traz insights, amadurece nossas ideias, oportuniza atitudes de companheirismo. Os profissionais do Sebrae, com quem dialogamos nesses processos, são todos de uma presteza enorme. O Sebrae é um parceiro incrível para todos nós, pequenos editores.

Maria Ines Machado, empreendedora.

Reinventar é preciso

A concorrência crescente com novas formas de entretenimento exige a busca de alternativas criativas. A analista Nathalia listou uma série de dicas para quem quer empreender no setor e se destacar:

  • Invista na diversidade dos conteúdos lançados;
  • Priorize a acessibilidade de livros, trabalhando com projetos adaptados e especializando-se em nichos de mercado;
  • Aposte no digital: a indústria do livro se tornará cada vez mais virtual e difusa;
  • Concentre-se no consumidor final: o editor deverá se voltar cada vez mais para o consumidor final, entendendo sua demanda;
  • Diversifique os formatos de publicação: publique em diversos formatos para diversificar sua receita;
  • Fortaleça o relacionamento com o cliente: trabalhe no fomento da formação de novos leitores por meio da criação de eventos pensados nos diferentes públicos, como encontros com autores e participação de editores em eventos do mercado consumidor.
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