Americanas recebe injeção bilionária para recuperação judicial enquanto ex-diretores são investigados pela PF

Foto: Reprodução/Domingos Peixoto/Agência O Globo.

O Conselho de Administração da Americanas aprovou nesta quinta-feira (14 de setembro de 2023) a homologação do aumento de capital da companhia. Esta medida faz parte do processo de recuperação judicial da varejista e promete ser fundamental para a reestruturação da empresa. Estima-se que a operação alcance a cifra de R$ 23,4 bilhões, através da emissão de cerca de 18 bilhões de novas ações, a um preço de R$ 1,30 cada.

Atualmente, a Americanas conta com 902 milhões de ações em negociação, que estão nas mãos dos acionistas existentes. Com este movimento, haverá uma significativa mudança na composição acionária da empresa. A participação dos acionistas de referência — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — deve crescer de 30,12% para 49,2% do capital social.

Aumento de capital da Americanas

Com esta operação, o maior acionista minoritário, Inácio de Barros Melo Neto, que atualmente detém 113 milhões de ações e 12,5% de participação, verá sua fatia cair para menos de 1% do total. Os acionistas minoritários, em conjunto, ficarão com 3,2% das ações. Já os credores, que aceitaram converter parte das dívidas em ações, passarão a deter 47,6% da empresa.

Como os credores estão envolvidos no processo?

O aumento de capital inclui um aporte de R$ 12 bilhões por parte dos acionistas de referência. Até o momento, R$ 5 bilhões já foram investidos e os R$ 7 bilhões restantes estão previstos para serem aportados até amanhã. Além disso, os credores irão converter R$ 12 bilhões em dívidas em ações da companhia. Com o aval do conselho, a empresa poderá efetuar os pagamentos aos credores, reduzindo sua dívida total de R$ 42 bilhões para R$ 1,875 bilhão, valor correspondente à emissão de debêntures.

Próximos passos

Esta fase é crucial para a recuperação judicial da Americanas. Em janeiro de 2023, a companhia revelou uma fraude contábil de aproximadamente R$ 25 bilhões, atribuída a ex-diretores da empresa, conforme investigações da Polícia Federal. Agora, a varejista entra em uma nova etapa focada na operação e recuperação da companhia.

No dia 27 de agosto de 2024, está previsto o agrupamento das ações na proporção de 100 para 1, mantendo a participação dos acionistas atuais. Inácio de Barros Melo Neto, maior acionista minoritário, relatou que sua participação na empresa será drasticamente reduzida.

— Vou ser diluído no poder de decisão, mas não na crença nos gestores. Hoje comprei mais 200 mil ações da companhia a R$ 0,77 cada uma, chegando a 113,5 milhões de ações. Continuo acreditando na companhia e nos gestores — afirmou Barros Melo Neto.

  • O aumento de capital será de R$ 23,4 bilhões.
  • A nova emissão de ações será de 18 bilhões a R$ 1,30 cada.
  • Os acionistas de referência passarão dos atuais 30,12% para 49,2% do capital social.
  • Credores terão 47,6% das ações da Americanas.
  • O maior acionista minoritário verá sua participação reduzir para menos de 1%.

 Essa nova fase promete redefinir a estrutura e o futuro da Americanas, trazendo alívio financeiro e um novo plano de negócios que busca restabelecer a confiança do mercado e dos investidores. Vamos continuar acompanhando os próximos capítulos dessa recuperação judicial, que pode servir de exemplo e alerta para muitas outras companhias no Brasil.

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