De sanatório a cartão postal: saiba como a tuberculose influenciou no desenvolvimento de Campos do Jordão, SP


No início do século XX, pessoas procuravam o clima e o ar puro da cidade para se curarem da doença. Local passou por transformações de lá para cá desde então. Campos do Jordão (SP)
Divulgação/Prefeitura de Campos do Jordão
Carinhosamente chamada de ‘Suíça Brasileira’ por sua arquitetura e o clima ‘padrão europeu’, Campos do Jordão, que recentemente completou 150 anos, se tornou conhecida nacional e internacionalmente por essas características — mas um outro fator influenciou para que essa fama da cidade se espalhasse ainda mais rápido: a tuberculose.
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A história — um tanto quanto curiosa — começou poucos anos após a fundação da cidade, em 29 de abril de 1874, quando Mateus da Costa Pinto adquiriu alguns lotes à beira do Rio Imbiri. Após a aquisição desses lotes, Mateus trouxe algumas pessoas para morar na cidade, entre eles um amigo de Pindamonhangaba, que havia sido diagnosticado com tuberculose.
“Chegando aqui, com o clima, com a boa alimentação e o repouso, ele percebeu que essas pessoas começaram a ficar curadas. Então o Mateus da Costa Pinto foi o primeiro divulgador do clima de Campos do Jordão para a cura da tuberculose”, explicou o historiador Edmundo Ferreira da Rocha, em entrevista ao g1.
Pinheiros e o clima agradável da cidade mais alta do Brasil ajudaram na cura da tuberculose
Divulgação/IBGE
A descoberta de que o clima jordanense era bom para o tratamento da tuberculose — que naquela época não tinha cura — foi relatada em um estudo feito pelo médico sanitarista Clemente Ferreira.
O teor de oxigênio e ozônio diferenciados nos mais de 1,6 mil metros de altitude da cidade eram os fatores que contribuíam para a melhora de pacientes diagnosticados.
Com esse ‘diferencial’, outros dois médicos sanitaristas resolveram facilitar o acesso de mais pessoas à cidade para o tratamento: Emílio Ribas e Victor Godinho. A dupla foi responsável pela criação da Estrada de Ferro que ligava Pindamonhangaba (SP) à Campos do Jordão.
Estação da Estrada de Ferro em Campos do Jordão, SP
Divulgação/IBGE
Com a cura do amigo, Mateus da Costa Pinto começou a divulgar sobre o clima de Campos do Jordão e como esse clima ajudava na cura da doença.
“Naquela época da tuberculose, vieram para Campos do Jordão pessoas do Brasil inteiro, em busca do clima para a cura da tuberculose. Campos do Jordão iria aparecer em um determinado momento no Brasil inteiro, por causa das belezas naturais, mas a tuberculose antecipou o conhecimento da cidade”.
Naquele período, as pessoas chegavam e se instalavam em Campos do Jordão na busca pelo tratamento da tuberculose, então muitos hotéis que estão na cidade até hoje foram construídos na época sanatorial, para acolher os doentes e hoje em dia se dedicam ao turismo.
“Nós tivemos a construção de diversos hotéis famosos que existem até hoje. Todos eles foram construídos naquela época do auge da tuberculose”, relembra o historiador.
O estabelecimento desses pacientes diagnosticados com tuberculose em Campos do Jordão, contribuiu para o desenvolvimento da cidade, aponta Edmundo.
“Se não fosse a tuberculose, eles não teriam vindo para Campos do Jordão. Eles vieram em busca do clima para a cura da tuberculose e acabaram ficando curados e resolveram ficar morando em Campos do Jordão, quer dizer que se não fosse a tuberculose, se não fosse o clima, eles não teriam vindo para Campos do Jordão”, disse.
“Eu acho que a tuberculose tem que ser vangloriada, sim, porque a grande maioria das pessoas que estão na história de Campos do Jordão hoje, que ajudaram o progresso de Campos do Jordão, vieram para cá doentes, acabaram ficando curadas e foram importantes na história, na cultura de Campos do Jordão”, finalizou.
Campos do Jordão antigamente
Divulgação/IBGE
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